sexta-feira, 24 de setembro de 2010

a broken broken heart.

engoli todas as tuas palavras e acreditei em tudo o que tu me disseste. terá sido esse O erro?

dormia ainda eu, quando os primeiros raios do sol a nascer entram pela janela e me acordam lentamente, tenho voltar a adormecer, mas é inútil. respiro fundo então e sinto o teu cheiro, aquele teu cheiro doce e reconfortante,  um sorriso sai involuntariamente, viro-me para o teu lado da cama e ponho o braço a volta do teu tronco. mas não estás lá, era apenas o cheiro que deixaste para trás. gritei por ti e resposta não ouvi.
   desci as escadas, vestido com os teus boxers e a tua camisa, sem meias, senti o chão gelado arrepiar-me o corpo todo. fui á nossa cozinha, e não estavas lá. cada vez mais o coração me apertava, vi ainda as nossas fotografias no nosso frigorífico. fui á sala, ás casas de banho, á cave e ao sótão e nem sinal de ti, fiquei rouco de chamar por ti. vesti uns calções e fui ao nosso jardim, cheio de margaridas e gerberas em flor.
  subi á nossa laranjeira, até ao topo em tua procura e nada encontrei sem ser o sol por detrás das montanhas, cada vez mais brilhante. fui então ao nosso monte, procurei no nosso rio, na nossa cascata, mas encontrei mais do mesmo, vazio. fui então,  já com lágrimas na cara fui á nossa rocha vêr o resto do nascer do sol, esperando por ti. vejo então um bilhetezinho no cimo da grande pedra, ainda mais o coração apertou:

« Meu amor,
parti mais uma vez, por achar ser melhor para ambos.
reconheço que é dos maiores erros que alguma vez cometerei, tal como já antes te dissera,
mas é um erro que tem de ser cometido, para teu bem.
estou onde sempre estive, no teu coração.
um beijo. »




fiquei sem saber o que fazer, sem saber o que esperar, lágrimas pesadas escorriam e caiam no húmido solo.

pensei para mim ' será esta a última pagina do nosso livro? '.
sentei-me na rocha e pensei, o resto da manhã, olhando o belo do horizonte.
tomei uma decisão, provavelmente a melhor que poderia ter tomado em tal circunstância. corri para o castelo, e desfiz a cama atirando os lençóis pela janela, peguei na tua almofada e rasguei-a. fui á gaveta da tua cabeceira e tirei a tua caneta e o nosso livro. agarrei na primeira mala que vi, enfiei lá a caneta e o livro, pus a mala as costas e segui viagem por esse mundo fora, á tua procura. procurei onde sei que nunca te encontraria, onde tu sabes que eu nunca te procuraria.
  andei dias por ai á deriva, sem saber o que procurar, sem saber onde ir. passei fome e nem tentei dormir, era excusado.
  procurei então no teu reino, onde viveste em pequeno, onde cresceste e estavas lá tu, debaixo da tua árvore, no teu descampado. fui em passo acelerado na tua direcção quando tu me vês a vir, levantaste do chão poeirento e dizes com repugnância:
 - não tentes mudar o que já foi feito. esquece.
virou as costas e tentou evitar a conversa. agarrei-lhe no braço e empurrei-o contra a árvore. beijei-o, mentalizando-me que seria a ultima vez. olhei-o nos olhos e disse:
- desta vez não, não serás tu a desistir, a deixar de lutar por mim, por nós, não és tu que cantas a musica do adeus, não és tu que dás a despedida, desta vez serei eu, serei eu quem te dirá o ultimo olá e o primeiro adeus.
tirei o livro e a caneta da mala que carregara durante dias. puxei-lhe a mão e abri-a contra a sua vontade e pus ambos os valores na sua mão e disse:
- pega nesse livro e nessa caneta e faz disso uma história de vida, se quiseres, guarda no teu coração, guarda-me no teu coração.

pus-me em bicos de pés e beijei-lhe a testa. segui o meu caminho, para a realidade.

« vou então criar outra história, a nossa historia, outro livro, fazer de minha a tua introdução, e desta vez, vou deixar que as páginas escrevam por si próprias. »

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