quinta-feira, 10 de março de 2011

when all my faith is gone, you bring it back to me

sabes que, quando partiste, partiste sem bagagem, deixando todo o teu carinho, não mais viável. senti-me sofucado entre quatro paredes, todas elas brancas. por vezes acreditava mesmo que elas falavam, de tão vivo que o sentimento, estava , naquele pequeno quarto. não sou de ferro não, chorar era inevitável.
  um dia, igual aos outros, num acto de cobardia, decidi fugir, daquele amor eterno que preenchia o vazio da casa, da nossa casa. enquanto esvaziava as gavetas das cómodas sujas de pó, encontrei o diário dele, pensei em deitar fora, mas não fui capaz. passei a mão pela capa, e respirei fundo, sentia o perfume da tua essência naquele pequeno livro. sentei-me, e comecei a ler:

 as lágrimas lavaram-me o rosto, mais uma vez. cada palavra, cada linha, cada estrofe, cada verso riscado por as palavras não sairem como ele gostaria, significou o MUNDO, para mim. um pequeno e velho e sujo livro mudou a vida de alguém insignifcante como eu. ele amou-me e acredito que esteja onde estiver de que ele ainda me ama. e esse sentimento só morre quando o coração parar de bombear o sangue, espalhando-o por todo o meu corpo.

 « ele partiu. » foi a primeira vez que o disse em voz alta, em anos.

 não acredito nem em céu nem em inferno,  ninguém morre por completo, apenas se nós deixarmos. estás vivo, no meu coração. amo-te.

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