quarta-feira, 7 de julho de 2010

parte cinco

(...) ele partiu, de novo. olhei-o sem sequer ousar piscar os olhos uma vez, cheirei o seu aroma, uma ultima vez, para não esquecer nada. a cada passo que ele dava, o meu mar vermelho ficava azul, a minha relva amarela ficava verde, a minha terra verde ficava castanha e o meu céu, aquele ceu cor de rosa que contemplava junto dele, ficou preto.
ele decidiu então levar as ilusões do nosso mundo com ele. levou o que era nosso, deixando o que era meu, o que eu não precisava e ele levou tudo, para um buraco, uma cova, um poço, seja lá o que for, negro e escuro, para ficar lá e nunca mais sair.
o meu sol deixou de nascer no mar e passou a nascer nas montanhas, o sol perdeu o seu brilho, pelo menos uma grande parte, tal como eu. o meu cabelo ficou seco, o meu sorriso manteu-se branco, mas sem brilho. as nossas alianças perderam o ouro , ficando apenas um material opaco, castanho e sem sentido.

foi ai que precebi, eu tinha morrido, apenas interiormente, mas tinha morrido.

não sei por quanto mais tempo iria restar para que eu caisse, como qualquer pessoa cairia com este peso nas costas.

pela primeira vez na vida tenho medo de quando cair, voltar a levantar.

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